sábado, 30 de maio de 2009

Casamentos e Infidelidades, por Carlos Antunes


Título original: Married Life
Realização: Ira Sachs
Argumento: Ira Sachs e Oren Moverman
Elenco: Chris Cooper, Pierce Brosnan, Patricia Clarkson e Rachel McAdams

Casamentos e Infidelidades é, no fundo, um retrato das intricadas expectativas e perspectivas do amor.
A evidência de que o amor e os desejos não se reduzem às noções mais evidentes ou que, mais do que isso, as relações que tudo isso estabelece são mais surpreendentes - quer para o bem quer para o mal - do que à primeira vista se supõe.
Muito menos que numa época como a década de 1950, as pessoas se possam revelar surpreendentes, ora radicalmente ora afectuosamente, perante a sua persona normal.


O filme contém enorme paixão mas nunca se torna violento por conta disso mesmo.
Ninguém grita, ninguém age impulsivamente.
É um retrato evidente da década de 1950, dos seus conflitos entre as restrições morais e sociais da época, mas também das suas idiossincrasias pessoais.


Mas o que falta a Casamentos e Infidelidades é transformar toda essa paixão num verdadeiro pathos para que se possa revelar uma verdadeira catárse.
Há antes uma dispersão dos sentimentos e das atitudes tomadas.
Um desvanecimento que torna o filme menos rico.


No entanto é uma delícia ver os quatro protagonistas e darem tão boas interpretações.
Apesar de tudo, é possível ver no trabalho deles uma dedicação que se tabela por completo no topo de qualidade.
São eles que mantêm o filme, que lhe dão o seu gosto e interesse maior.
Por eles vale a pena passar por Casamentos e Infidelidades.



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