domingo, 28 de fevereiro de 2010

A Bela e o Paparazzo, por Carlos Antunes



Título original: A Bela e o Paparazzo
Realização: António-Pedro Vasconcelos
Argumento: Tiago Santos
Elenco: Soraia Chaves, Marco D'Almeida e Nuno Markl

Por muitas revoluções que se apresentem, é preciso admitir que o cinema actual é um descendente directo dos modelos - narrativos e de produção, mas não só - do cinema americano no tempo em que este ainda não era pensado senão pelo seu modelo comercial.
Daí que pareça natural que, finalmente, alguém tenha tratado de importar o modelo da "comédia romântica" para cá.

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As regras gerais são cumpridas, passeando os personagens por uma Lisboa feita pequeno idílio para o romance e dando-lhes a inevitável contrariedade de que terão de recuperar.
Mas ao mesmo tempo dá-se ao modelo uma dimensão reconhecidamente local, com o muito pouco discreto comentário social ou com uma resolução narrativa sem a artificialidade habitual, antes com uma forma de estar muito directa - e Portuguesa acredito eu.

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E António-Pedro Vasconcelos tornou o referencial ainda mais pessoal ao estabelecer o seu próprio espaço para falar da sua concepção do Cinema, aquilo em que ele é um especialista.
Fê-lo tratando com reverência os actores e o produtor, peças indispensáveis do filme, mas igualmente referenciando os filmes e os mitos que o formaram como público, algo que já vinha fazendo antes.

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A reverência para com os actores é, no entanto, o que de mais relevante fica neste caso. Não só porque estabelece um diálogo directo sobre as diferente exigências que o actor tem de enfrentar entre a televisão e o palco - os dois símbolos mais evidentes dessa diferença - mas também pela forma como extrai deles o melhor que eles têm a dar.
Todo o elenco está muito bem, mas é obviamente Soraia Chaves que se distingue.
António-Pedro formou uma actriz versátil de uma mulher que outros viram apenas como um corpo e ela toca na nota perfeita a mulher um pouco tola quando tem de ser apenas como sempre foi mas escondia à conta da invasão da sua vida privada.

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António-Pedro Vasconcelos contentou-se em contar uma história bem escrita onde pudesse falar das questões que o preocupam dentro do próprio cinema.
Isso não é mau, como não é mau aceitar que se podem colocar modelos comuns ao serviço do cinema em Portugal.



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2 comentários:

  1. Actor não é, mas aqui fez uma perninha como tal e ao que dizem saiu-se bem. Especialmente sendo quase o Markl a fazer de Markl.

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