segunda-feira, 31 de maio de 2010

Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo, por Carlos Antunes


Título original: Prince of Persia: The Sands of Time
Realização: Mike Newell
Argumento: Boaz Yakin e Doug Miro

Eis o filme que contradiz Robin Hood!
Ainda é possível ver no ecrã uma aventura entretida e luminosa, desprendida e animada.
Sem grandes manipulações de personalidade ou tribulações sobre um reflexo do negrume realista do mundo, uma aventura colorida e de sorriso fácil.


Onde Robin Hood tentou ignorar e anular as anteriores encarnações do seu herói, Prince of Persia assume a memória de um Cinema que sabe não poder emular, mas que lhe está na genealogia. Qualquer outra forma de encarar as suas origens (no seio do Cinema) seria impossível e desonesta.
Prince of Persia, mais evidentemente através dos cenários, recorda as duas (magníficas) versões de The Thief of Bagdad.
Não tem, depois, o mesmo talento inato ou a mesma matéria-prima para igualá-los, por isso mantem-se tal como foi concebido, uma aventura com destino certo.


O filme não tinha como prosseguir por um caminho de complexidade, para o qual nem sequer tem narrativa suficiente.
Em vez disso aposta numa composição visual que se pode dizer ser quase sempre eficaz e, nem por isso, sem a ponta de exagero que os blockbusters hoje pedem.
Não nos reserva surpresas de incontestado deslumbramento, mas motiva emoções sem procurar o engano da montagem.


Tal como não reserva surpresas no que ao elenco diz respeito. Falo de surpresas como as de um Jack Sparrow no franchise que mais evidentemente tem comparação com este.
Ainda assim, Jake Gyllenhaal é um actor sólido e versátil que, mais do que estar à vontade, tem vontade de entrar neste papel, como que a cumprir um sonho de criança; Gemma Arterton é uma boa escolha para o acompanhar, provocante e irritante como uma princesa do calibre dela deve ser; e Ben Kingsley é um senhor de classe, ele sim a ter uma personagem de contornos mais complexos na trama.
O destaque, no entanto, fica com Alfred Molina, secundário divertidíssimo, essência maior de um filme deste género. Com algumas tiradas bem escritas e melhor executadas, ele é bem sucedido em arrancar risos a uma plateia já entretida mas não liberta de uma certa rigidez.


Prince of Persia foi planeado e executado com talento. O seu brilho é o possível para um objecto cinematográfico assim, mas não deixa de estar presente.
No fundo é um caso raro de um filme a cumprir o seu propósito de escapismo, se assim lhe quisermos chamar, sem atravessar a barreira de exagero que leva a que o tédio se instale.
Não é um novo The Thief of Bagdad, já o disse, mas não deixa de merecer uma lembrança.



2 comentários:

  1. Ora desta não estava à espera. Ainda tenho as minhas dúvidas quanto a este blockbuster e o limite da narrativa não é suficiente para um bom filme mas podia ser caso a fidelidade ao jogo fosse muita.
    Acho que ninguém esperava um Jack Sparrow de Gyllenhall.

    Abraço
    Cinema as my World

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  2. Confesso que gostei bastante do filme, tendo em conta que ele serve apenas para nos entreter durante 2h numa tarde de domingo. Dentro do estilo, está bastante bom e com um fundo que sempre gostei: aquelas cidades míticas. Os efeitos estão em bom nível e é um filme bastante decente inspirado num dos mais antiguinhos videojogos.

    Aconselho a quem quiser dar maior sabor ao filme pipoca :)

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