sábado, 30 de junho de 2012

Máxima Segurança, por Carlos Antunes


Título original: Lockout


Lockout é o filme que vem demonstrar que, no limite, Luc Besson não é assim tão diferente de Fabrizio De Angelis (para citar um nome que me está fresco na memória).
O tipo de pilhagem que um e outro fizeram de modelos americanos para produções de série B só diferem no dinheiro disponível para lhes aplicar.
Claro que mais dinheiro significa, não só melhores efeitos, mas também melhores actores, mas no essencial ambos pegaram na linha narrativa esquemática de Escape from New York e foram adicionando elementos de todos os filmes populares que se pudessem lembrar (e pudessem ser colados a ele sem criarem estranheza).
Digamos que se estiverem a ver um certo estilo de Outland e acharem que Die Hard não está muito distante, estarão provavelmente certos. (Outras referências ficam ao critério de cada leitor.)
Felizmente, como nestes casos se torna habitual usar como argumento de defesa, o filme reconhece que o seu grau de seriedade é zero e, a partir daí, consegue tornar-se aceitável.
Os realizadores cumprem com o desígnio que deve ser evidente para todos quando se juntam os quinhentos piores criminosos da Terra, a raptada filha do Presidente dos Estados Unidos da América e um insolente que é o melhor naquilo que faz, numa prisão instalada no meio do Espaço: abusar das cenas de acção e acrescentar-lhe algum humor de permeio.
Claro que esse esquema vai-se tornando cansativo mais perto do seu final - sobretudo porque nas salas portuguesas parece inevitável haver intervalo e isso acaba por quebrar a atenção do espectador que não regressa ao ritmo da segunda parte com tanta facilidade.
Mas aí se revela uma qualidade extra de Luc Besson como produtor, a capacidade de fazer um casting inesperado que supera o que o resto do filme tem para dar. Assim já fora com Taken ou From Paris with Love e aqui se repete com Guy Pearce - mas não só.
Snow é uma máquina de acção capaz de improvisar tiradas mesmo se a situação não o justifica. Aliás, ele só se expressa mesma por via dessa rudeza cómica e insolente. Só que Guy Pearce tem demasiado talento para não expressar uma personalidade mais forte e, embora nunca venha a ser lembrado como Plissken ou McClane, compõe uma personagem capaz de nos manter interessados.
E ainda há espaço para Maggie Grace mostrar que o seu talento serve para mais do que ser raptada, espicaçando a tensão sexual com Snow, ou para Joseph Gilgun interpretar um criminoso tresloucado com estilo suficiente para figurar em algo mais sólido, e dizer que está pronto a fazer algo mais além de Misfits.
Resumindo, a história é limitada, os clichés abundam, mas os actores ajudam a tornar tudo um pouco melhor. Quem sabe se daqui a umas décadas não haverá um revivalismo desavergonhado - como o corrente por alguns daqueles filmes italianos, mas talvez mais justificado - por este género de imitações.


1 comentário:

  1. Concordo em absoluto com a critica feita e sublinho a parte sobre os intervalos e o mal que isso faz a atenção dos espectador neste filme em que o ritmo é sempre muito acelerado depois do intervalo comecei a ter a sensação que o filme nunca mais acabava e não tenho duvida nenhuma que a culpa foram aqueles 7min em que a historia é interrompida só para irmos comprar pipocas ou mandar umas mensagens depois o filme recomeça com umas quantas explosões e apanha o espectador desprevenido e já sem aquele ritmo com que estava embalado...

    ResponderEliminar