domingo, 15 de maio de 2016

Festa do Cinema: doze filmes para ver por 2,5€


A Festa do Cinema regressa a Portugal para a sua segunda edição. Com a edição de 2015 a registar mais de 200 mil espectadores, em 2016 as distribuidoras de cinema voltam a disponibilizar bilhetes de cinema a 2,5€. No valor dos bilhetes não estão incluídos lugares VIP, sessões 3D, sessões IMAX, sessões 4DX e outros eventos especiais.

A Festa do Cinema 2016 decorre de 16 a 18 de Maio e, pela primeira vez, estabelece uma parceria com a Academia Portuguesa de Cinema, que permite que o filme vencedor dos Prémios Sophia 2016 (Amor Impossível, de António-Pedro Vasconcelos) seja exibido em salas seleccionadas. O filme vencedor dos Globos de Ouro da SIC (As Mil e Uma Noites: Volumes 1, 2, 3; de Miguel Gomes) fará também parte dos filmes em exibição.

O Split Screen apresenta uma listagem com dez sugestões de filmes que pode ver no cinema por apenas 2,5€.

Foi evento com antestreia mundial no Festival de Cannes, na presença da realizadora Jodie Foster (The Beaver) e dos actores George Clooney, Julia Roberts e Jack O'Connell (Unbroken). Teve estreia praticamente simultânea nos cinemas de todo o mundo e apesar da recepção morna, é um thriller intenso sobre um programa televisivo acerca de investimentos financeiros (o Money Monster do título). Na história, um investidor perdeu todo o seu dinheiro em acções de uma empresa que abriu falência imediatamente a seguir aos conselhos do programa e do apresentador Lee Gates. Desesperado, irrompe pelo estúdio e conta a sua história, ameaçando explodir a equipa de produção, durante horas e com milhões de pessoas a assistir à emissão em tempo real.

Para com gosta de cinema mais alternativo, a Palme d'Or 2015 chegou aos cinemas nacionais. Uma das mais inesperadas premiações de sempre do Festival de Cannes, talvez devido ao júri estar tão dividido sobre os filmes em competição. Ainda assim, o francês Jacques Audiard (De battre mon coeur s'est arrêté) apresenta um inesperado filme: um drama sobre a imigração mesclado com uma trama de acção. Na narrativa, um ex-guerrilheiro tamil, obrigado a fugir da Guerra Civil do Sri Lanka, instala-se numa zona periférica de Paris para formar uma família fictícia com uma jovem mulher e uma menina de nove anos. Apesar de mais seguros que no seu país de origem, estes três estranhos acabam por ter de enfrentar outros problemas: a língua, a xenofobia e as dificuldades económicas.

Ensurdecedor (2015), de Joachim Trier



Depois do sucesso de Oslo, 31. august (2011); o realizador norueguês Joachim Trier apresenta a sua primeira longa-metragem falada em inglês. Filme sobre o luto, mas sobretudo sobre o crescimento e as suas dores, apresenta uma família (composta pelo pai e dois filhos) que têm de enfrentar memórias antigas, quando se aproxima a data de uma retrospectiva fotográfica da sua mãe, uma fotógrafa de guerra, falecida num trágico acidente de automóvel, há dois anos atrás. Isabelle Huppert, Gabriel Byrne, Jesse Eisenberg e o novato Devin Druid (uma revelação!) abrilhantam o elenco.

Para os mais novos (e não só), uma proposta de animação diferente. O brasileiro O Menino e o Mundo correu o globo (já foi vendido para mais de oitenta países), onde venceu dezenas de prémios, entre os quais o de Melhor Filme no mais importante festival de cinema de animação do mundo, em Annecy, o Grande Prémio do Monstra - Festival de Cinema de Animação de Lisboa, o prémio de Melhor Animação Independente nos Annie Awards e culminando com uma nomeação ao Oscar de Melhor Filme de Animação. Uma animação com lápis de cor, lápis de cera, colagem e pinturas, que segue Cuca, um menino de uma pequena localidade do interior do Brasil que vê o seu pai partir para a cidade, em busca de sustento. Depois de esperar pelo seu regresso, a criança decide ir ao seu encontro, dando de caras com um mundo dominado por máquinas-bichos e estranhos seres numa sociedade marcada pela tristeza, pobreza e total falta de esperança.

Zootrópolis (2016), de Byron Howard, Rich Moore e Jared Bush



A mais recente aposta dos estúdios de animação da Walt Disney também ainda se encontra em exibição nas salas de cinema nacionais. Uma proposta para toda a família que aposta na seguinte ideia hipotética: como seria o Mundo se a raça humana nunca tivesse existido? Na história encontramos a cidade de Zootrópolis, um lugar moderno e civilizado, povoado por versões antropomórficas de todos os tipos de mamíferos. Todos vivem pacificamente até ao dia em que uma raposa esperta e tagarela é acusada de um crime que não cometeu, capturado por uma jovem coelha, agente da polícia recentemente promovida. Bons inimigos naturais que são, acabam por ter que se unir quando se descobrem vítimas de uma conspiração. Dos realizadores de Tangled (2011) e Wreck-it Ralph (2012).

Para os fãs de super-heróis e da DC Comics, este aguardado blockbuster coloca dois titãs em confronto directo: Batman, numa nova versão interpretada por Ben Affleck e Super-Homem, o Henry Cavill de Man of Steel (2013). Já está nos cinemas há mais de um mês, mas esta pode ser a sua oportunidade de assistir ao filme. Na narrativa, o Super-Homem é hoje uma personagem polémica. Enquanto muitos acreditam que é um símbolo de esperança e uma protecção contra os inimigos, outros consideram que é uma ameaça que tem de ser contida. Para Bruce Wayne, o eterno vigilante de Gotham City, o Super-Homem é claramente um perigo para a Humanidade e deve ser combatido. Assim, decidido a destruí-lo, coloca a sua máscara e segue para a cidade de Metropolis onde decide fazer justiça com as suas próprias mãos. Porém, com o Super-Homem e o Batman absortos na sua vingança pessoal, emerge uma nova ameaça colocando o planeta Terra na iminência da total destruição.

Capitão América: Guerra Civil (2016), de Anthony Russo, Joe Russo



Os últimos anos têm sido muito favoráveis para a Marvel que tem vindo a construir um complexo universo no mundo cinematográfico e também televisivo, que se relaciona e constrói uma história maior. Este filme é o terceiro capítulo da história do Capitão América, onde, devido a uma série de missões que originaram danos colaterais considerados evitáveis, o Governo norte-americano decide que a equipa de Vingadores precisa de supervisão adequada. É então criado um sistema de registo dos super-heróis, cujo trabalho terá de ser sempre controlado por um membro governamental autorizado. A partir de agora apenas poderão agir se forem formalmente solicitados. Esta nova posição vai gerar conflitos internos na equipa, cujas opiniões se dividem. De um lado está o Capitão América, que se rebela por considerar a liberdade dos Vingadores essencial para o perfeito funcionamento das suas missões; do outro está o Homem de Ferro que, contra todas as expectativas, aprova a decisão. Entre eles surge uma tensão difícil de controlar que porá em causa não apenas a amizade e união de todos, mas também a segurança da Humanidade. A produção apresenta também pela primeira vez uma nova versão, mais jovem, da personagem Homem-Aranha, interpretada por Tom Holland.

10 Cloverfield Lane (2016), de Dan Trachtenberg



Para os fãs de terror, thriller psicológico e ficção-científica, 10 Cloverfield Lane é uma boa aposta. Um filme, quase sempre, a quatro paredes, com John Goodman num papelão e Mary Elizabeth Winstead a comprovar o seu talento. Depois de um acidente de automóvel que a deixa sem sentidos, Michelle desperta na cave de um desconhecido. O homem explica-lhe que houve um ataque químico à escala mundial e que, ao encontrá-la na estrada, a trouxe para ali para lhe salvar a vida. Com eles encontra-se Emmett, vizinho do dono da casa, que corrobora a teoria de que a salvação está dependente do total isolamento da atmosfera exterior. Se, ao princípio, o choque a faz acreditar no que eles lhe dizem, com o passar do tempo, e com uma constante sensação de claustrofobia, ela começa a desconfiar das suas intenções. Começa então a planear uma forma de escapar, independente do que possa encontrar lá fora. Spoiler alert: o filme apresenta uma piscadela de olho como um possível spin-off de Cloverfield, êxito de 2008.

A Chefe (2016), de Ben Falcone



Para os acérrimos fãs de comédias, Melissa McCarthy é sempre uma aposta garantida de boas gargalhadas. Aqui, a actriz é Michelle Darnell, conhecida tanto pela sua fortuna como pelo seu feitio irascível. Habituada a mandar, transforma num inferno a vida de todos os que com ela convivem. Mas tudo muda de figura quando, após uma investigação, é considerada culpada num caso de corrupção. Depois de algum tempo atrás das grades, é-lhe concedida a liberdade condicional. Determinada a reerguer-se e a recuperar os milhões que perdeu no decurso do processo, percebe que, depois de tantos anos a humilhar amigos e colaboradores, só lhe restou o apoio de Claire, a assistente que durante anos explorou, e de Rachel, a filha desta. Apesar de um início difícil, as três acabam por criar algo muito parecido com uma amizade verdadeira. É com elas que a ex-milionária vai aprender que existem coisas que o dinheiro não pode comprar e, que se aliarmos a estratégia empresarial à lealdade e cooperação, (quase) tudo se torna possível.

Axilas (2016), de José Fonseca e Costa



O cinema nacional também está representado. Derradeiro filme de José Fonseca e Costa (Cinco Dias, Cinco Noites), foi concluído já após a sua morte e adapta livremente um conto do romancista e ensaísta brasileiro Rubem Fonseca. Em bebé, Lázaro de Jesus foi abandonado à porta da propriedade de uma senhora abastada. Comovida, ela acabou por recebê-lo como o neto que nunca teve. À medida que cresce, Lázaro cria uma estranha atracção por axilas femininas, que considera profundamente sensuais e poéticas. Quando, durante um concerto de música clássica, observa a violinista Maria Pia a tocar, Lázaro apaixona-se irremediavelmente. E o desejo que sente é de tal modo poderoso que quase o leva à perdição.

O tailandês (vencedor da Palme d'Or em 2010 com O Tio Boonmee que se Lembra das Suas Vidas Anteriores) esteve recentemente em Lisboa para apresentar o seu mais recente filme, exibido na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes 2015Numa pequena aldeia da Tailândia, vários soldados são vítimas de uma estranha doença do sono. Uma escola primária abandonada converte-se então numa espécie de enfermaria, onde recebem os cuidados necessários para se manterem vivos. Os médicos tentam encontrar forma de os despertar, incluindo a terapia de luz colorida, para aliviar os seus sonhos agitados. Jenjira, uma das voluntárias que ali trabalham, sente um especial carinho por Itt, um jovem soldado que nunca recebe visitas. Ela torna-se amiga de Keng, uma médium que usa os seus poderes para fazer de "ponte" entre os familiares desesperados e os espíritos dos soldados adormecidos. Um dia, Jenjira tem um estranho encontro com duas mulheres que lhe dizem que a escola está situada em cima de um cemitério de antigos reis que usam a força dos jovens nas suas guerras.

Exibido no IndieLisboa 2016, o documentário de Amy Berg (West of Memphis) contextualiza a vida de Janis Joplin, como alguém que cresceu inadaptado. Numa recusa do clichê hippie e a glamorização simplista do "sexo, drogas e rock 'n' roll", a realizadora junta correspondência que Joplin trocou com a família com material de arquivo nunca antes disponibilizado – captado em concertos e bastidores –, revelando não apenas a artista, mas também a mulher em luta consigo mesma. A narração é feita pela cantautora Cat Power. Janis Joplin foi considerada por muitos a maior cantora de blues e soul da sua geração, alcançou a fama no final da década de 1960 como vocalista do grupo Big Brother and the Holding Company e, posteriormente, numa carreira a solo, acompanhada pelas suas bandas de suporte: a Kozmic Blues Band e a Full Tilt Boogie. A dependência de drogas e álcool marcou a vida de Joplin e foi a causa da sua trágica morte. A 4 de Outubro desse ano, com apenas 27 anos de idade, foi encontrada sem vida devido a uma overdose de heroína.

1 comentário:

  1. "Capitão América: Guerra Civil": 5*

    "Capitão América: Guerra Civil" é altamente recomendado, gostei muito de o ter ido ver na Festa do Cinema.
    "Captain America: Civil War" tem uma história excelente e vários personagens bem enquadrados na sua intriga, o que só mostra a sua coesão.

    Cumprimentos, Frederico Daniel.

    ResponderEliminar